terça-feira, 6 de abril de 2010

Sustentabilidade x Finanças


Ser um profissional de finanças tem suas vantagens e desvantagens. Se por um lado a primeira imagem é de profissionais com bom raciocínio matemático aplicado, capazes de lidar com um grande número de variáveis e de gerir recursos financeiros, por outro permeia-se a área de finanças de um certo ar de perversidade. Muitos consideram as finanças como o "eixo do mal" da administração, pois "busca o lucro acima de tudo". Com frequência os administradores financeiros são vistos como responsáveis pela degradação social por estar em "conluio com os grandes conglomerados financeiros".

Ora, o próprio objetivo das organizações é maximizar o valor investido pelos acionistas e qualquer decisão tomada na gestão da empresa irá ao encontro dessa máxima, seja na área de finanças, marketing, recursos humanos ou produção. Se o objetivo da empresa fosse maximizar a satisfação do cliente, o marketing proporia a doação dos produtos e não a sua venda; se o objetivo da empresa fosse garantir o bem-estar social da comunidade na qual se insere, a área de recursos humanos proporia níveis salariais altíssimos... e assim por diante.

Meu ponto aqui é que a perversidade atribuída à função financeira não é inerente às suas atividades, mas sim, gerada pelo próprio objetivo das empresas, a "maximização do valor dos acionistas", o que parece ir de encontro às últimas discussões sobre responsabilidade social e ambiental. Afinal, porque uma empresa deveria ser social e ambientalmente responsável se isso não maximiza o valor do seu acionista? Isso simplesmente não está no seu "programa", no seu "script".

A resposta é clara: a sustentabilidade é a única variável que permite o atingimento dos objetivos financeiros no longo prazo. Se todas as empresas atuarem sem preocupação com o impacto ambiental das suas atividades, invariavelmente todas sucumbirão, por não mais ser possível a utilização dos recursos naturais. O ar custará demais, a água será extremamente cara, a terra será um recurso oneroso, a mão de obra saudável será tão escassa que a organização pela "maximização do valor do acionista" será impossível.

Administrar sem considerar a responsabilidade social e ambiental é um "tiro no pé" tão grande que vai contra a maximização do valor do acionista no longo prazo. Por isso, é necessário mudar o paradigma de gestão para uma "maximização do valor do acionista no longo prazo", porque isso traz implícito o impacto socio-ambiental mínimo. 

Prometo continuar a evolução dessa idéia em um próximo post...

Um comentário:

  1. Que bom que você gostou! Obrigado pelo comentário! Aliás, procurei o teu nome e não achei! Nos conhecemos, não? Vi que você tem o blog do Alexandre Dedavid. Conheço ele! abraço!

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