sexta-feira, 4 de junho de 2010

Concerning Teaching II - As surpresas da EAD



Não vou negar: quando fui contratado para atuar como tutor em um curso de EAD (Educação à Distância) não fiquei muito animado. Imaginava que a EAD era um caça-níquel e julgava ser impossível o aprendizado de qualidade sem a presença "fisicamente presencial" de um professor.

Essa foi a primeira vez que a EAD me surpreendeu. Cito pesquisa feita pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP: "Para esses cursos analisados, quando comparado o desempenho no ENADE dos alunos concluintes, verifica-se que os alunos dos cursos de EaD apresentam desempenho mais elevado do que os alunos das modalidades presencial e semipresencial." Ao primeiro momento parece que o aproveitamento dos alunos MELHORA quando o professor sai de cena. Isso ocorre porque o aluno de um curso à distância necessita de maior comprometimento do que um aluno da modalidade presencial. Cada dia há uma atividade a ser realizada (em horário flexível), a carga de leituras é grande e as oportunidades de participação devem ser aproveitadas para que as dúvidas sejam dirimidas e as opiniões consideradas. Claro que há videoaulas, chats, fóruns, etc... mas o verdadeiro professor do aluno de EAD é o material que ele lê: livros, apostilas, artigos. É dali que ele obtém seus conhecimentos. Por isso a discrepância no desempenho no ENADE: o aluno de EAD lê mais e estuda mais. O aluno "presencial" está acostumado a receber as coisas de uma forma mais fácil. Já participei como tutor em disciplinas de contabilidade, estatística, matemática financeira, administração financeira e metodologia da pesquisa. Atualmente colaboro na orientação dos TCCs finais de curso... tudo à distância... fantástico. Como se trata de uma universidade pública, isso vai ao encontro da sua missão de levar o ensino ao maior número possível de pessoas, pois o alcance dos cursos aumenta a um curso bastante baixo. Um número maior de pessoas pode ter acesso ao ensino sem que isso represente um aumento da despesa pública na mesma proporção.



A segunda vez que a EAD me surpreendeu foi como ALUNO. Sou aluno em um curso "telepresencial"; isso significa que vou até uma sala de aula, encontro com colegas, faço intervalo, lanche, tudo com hora marcada... porém meu professor é a televisão. A aula é transmitida por satélite e o professor normalmente está em algum estado do nordeste. Em vez de contratar 200 professores "razoáveis" para dar aula em cada unidade, em cada área é contratado o professor TOP de linha para dar aula em uma unidade (pleonasmo?) e a aula é retransmitida às demais 199 unidades... isso permite que os alunos disponham de um corpo docente de altíssima qualidade. A diferença é perceptível.



Não temo pelo futuro da profissão de professor. Como todas as demais, cabe atualizar-se. Já estou gravando minhas primeiras videoaulas...